sexta-feira, 11 de maio de 2012

A PESQUISA ENQUANTO CORPOGRAFIA: PALIMPSESTOS, ARQUITETÔNICAS


A PESQUISA ENQUANTO CORPOGRAFIA: PALIMPSESTOS, ARQUITETÔNICAS
Cristiano Bedin da Costa

Ementa: Do corpo, conhecemos os inúmeros saberes e discursos que o envolvem, compondo sua irredutível ubiquidade. Em tal cenário, se ainda quisermos falar de um corpo próprio, devidamente nomeado, faz-se necessário lembrar que toda intervenção e toda forma têm suas implicações, seu preço, uma espécie de medida das forças, tal como nos advertia Francis Bacon: por entre tantas representações e utopias anatômicas, o certo é que ainda resta a carne, teimosa ironia sensível. Sendo assim, insistamos neste
corpo, o corpo contemporâneo, frescum, que se inscreve a pancadas, aos solavancos, por estilhaços de linguagem: aquilo que seduz o corpo é também o que concorre em sua composição. Por essa via, se não é possível falar do corpo de uma forma definitiva, pode-se falar com ele, em seus trajetos, nas suas relações, nos traçados de seus mapas: o corpo arquitetado em um meio, por incontáveis meios, entre-Vistas, sem fundo palimpséstico de palimpsesto sem fim. Enquanto corpografia, a pesquisa constitui-se como a articulação dessa existência rapsódica, testemunhando a polifonia que nela se inscreve. Frente aos gritos, acentos e granulações rítmicas do corpo, a resposta (ainda) é: atente para o som que isso faz.

Objetivos: Pensar o corpo como arranjo polifônico, rapsódico, incessantemente rasurado e reescrito; inventariar, em meio à arte, à filosofia, à literatura, imposturas e gestos de um corpo que se mostra a pancadas, aos solavancos, o corpo movimentando-se por estilhaços de linguagem, granulações picturais, insinuações rítmicas; tomar o corpo como matéria e condição de escritura, e esta como conspiração entrexpressiva, tecido fragmentário de signos múltiplos; perguntar, ainda hoje, o que pode um corpo, o que pode inscrever-se em um corpo; defender a pesquisa dos modos de produção do corpo como um estudo sobre a aventura do pensamento, da invenção e instauração contínuas de tensores e reais pontes de vista para a vida; ter o corpo, em suas constantes pulsações e dilatações intensivas, como programa: para então criá-lo, operando-o em seus limites. 

Leituras recomendadas:
BARTHES, Roland. O óbvio e o obtuso. Lisboa: Edições 70, 2009.
COSTA, Cristiano Bedin da. Corpo em obra: palimpsestos, arquitetônicas. Tese (Doutorado em Educação). Programa de Pós-Graduação em Educação, Faculdade de Educação, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: UFRGS, 2012.
DELEUZE, Gilles. Francis Bacon: lógica da sensação. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2007.


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